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GESTÃO FAMILIAR
01/05/2017

Setor atacadista de MT qualifica jovens sucessores

Cerca de 90% das empresas que compõem o setor atacadista de Mato Grosso são familiares, o que gera um alto risco de que elas não sobrevivam à segunda geração. A dificuldade de ter bons sucessores afeta os empreendimentos independente do país e do setor em que atuam. Conforme pesquisa da Strategos Consultoria, divulgada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), os empresários têm dificuldade em entender as mudanças de mercado e se adaptar a elas.

 

Para a reverter este quadro, cerca de 20 jovens sucessores de Mato Grosso integraram a comitiva que participou em São Paulo, entre os dias 21 e 23 de abril, de um workshop promovido pela Abad Jovens e Sucessores. O evento reuniu mais de 100 integrantes do segmento de todo país. Os assuntos debatidos tiveram o objetivo de dar uma visão holística do negócio, como gerenciamento de mudanças, aspectos legais da sucessão, estratégia e execução, gestão comercial e de equipes, marketing e liderança.

 

Segundo o presidente do Sindicato do Comercio Atacadista e Distribuidor do Estado de Mato Grosso (Sincad), Sérgio José Gomes, o programa é pautado principalmente nas demandas dos sucessores, em diagnosticar as necessidades dos associados, criar grupos de trabalho, proporcionar trocas de experiências e realizar cursos de capacitação em áreas específicas de gestão.

 

A líder do grupo de jovens e sucessores do estado, Mariane Gomes, 27 anos, da Distribuidora Fortaleza, conta que sempre esteve presente na rotina da empresa dos pais, em Várzea Grande. Chegou a optar pela carreira acadêmica de enfermagem, aos 16 anos, mas, ao se deparar com o mercado de trabalho desvalorizado preferiu se dedicar ao negócio da família. “Quando escolhi a profissão era muito jovem, hoje eu realmente sei que estou no caminho certo e me sinto realizada de estar me preparando para suceder os meus pais”.

 

Ela conta que faz cinco anos que oficialmente começou na empresa da família, no setor financeiro, onde considera ‘o coração da empresa’, mas também conhece bem as áreas de recepção, depósito e promoção de vendas. “Não pretendo parar, quero continuar crescendo aqui dentro”. O irmão Leonardo, de 23 anos, engenheiro civil, também passou a integrar a área de gestão familiar. “As dificuldades dos sucessores são parecidas, vivemos uma constante busca por harmonizar as gerações e conquistar espaço, porque queremos levar novas ideias e novas maneiras de fazer as coisas, é um desafio e tanto”.

 

O administrador Avelino Capitão, de 29 anos, do grupo ABC Atacado, disse que participar de oficinas e palestras voltadas para o tema foi fundamental para abrir os horizontes, compartilhar experiências, absorver novas informações e fazer network, pois como é de Barra do Garças (509 km a leste da capital), muitas vezes fica distante dos grandes centros, e até de Cuiabá. “Existe um conflito de gerações que deve ser harmonizado, para que um novo modelo gestão seja construído e fortalecido e permita expandir e consolidar as empresas”. Faz 11 anos que ele integra a equipe de gestão, mas desde criança acompanhava, quando podia, o pai nas viagens e gostava de entender dos negócios, com enfoque até hoje na área comercial. Já a irmã Natália, de 24 anos, atua como auxiliar financeira.

 

O sucessor do Grupo Machado, Danilo Martins, de 32 anos, que atua em Colíder (650 km a norte da capital) começou a trabalhar com o pai aos 17 anos, inclusive cursou administração de empresas para contribuir e agora está interessado em uma especialização em São Paulo, na área de logística, já visualizando novas ferramentas para a empresa que contribuam com a complexidade do estado, que é grande e tem cidades muito distantes umas das outras. “Estudar é fundamental para obter novas respostas para antigos problemas”.

 

O presidente da Associação Mato-grossense de Atacadistas e Distribuidores (Amad), João Carlos Sborchia, avalia que preparar um bom sucessor pode ser a chave para o crescimento de uma empresa, no entanto, planejar a transição exige estudo daqueles que irão comandar a próxima geração e também flexibilidade dos pais, claro. “É comum no Brasil e em países latino-americanos certo conservadorismo das empresas. A maioria não gosta de mudar. Ler mais jornais, livros, participar de cursos, tudo isso contribui no interesse pelas novidades”.

 

70% das empresas não sobrevivem

 

A pesquisa da Strategos Consultoria Empresarial contou com a participação de 90 companhias familiares do país e mostra que 81% dos empresários dão pouca importância a estar abertos a mudanças. Trata-se de um dado preocupante. Outro resultado crítico aponta que 70% das empresas não sobrevivem à segunda geração.

 

Criado em 2006 e formado por sucessores de empresas atacadistas distribuidoras, o grupo Abad Sucessores (antes chamado de grupo Abad Jovem) tem o objetivo de proporcionar à nova geração de gestores um ambiente de crescimento profissional, um verdadeiro MBA focado na realidade do segmento atacadista distribuidor. Acesse o site e conheça a proposta do Grupo.

 

Dados mostram que o setor atacadista e distribuidor é responsável por 5% do PIB brasileiro, o que gera a necessidade de fortalecer e criar a cultura do associativismo. Mesmo que da porta para fora as empresas sejam concorrentes, dentro do sindicato é necessário unir forças para impulsionar o setor e fazê-lo crescer.

 

Fonte: Assessoria